quarta-feira, 14 de agosto de 2013

in vino veritas

tal como em os três mal amados do joão cabral de melo neto
achei que o amor comia tudo
até por fim comer quem o sentia
numa deprimente autofagia
(hoje o rolê é vinho e nostalgia)

hoje eu tento pensar que não
que amor é amor, destruição é destruição
que um paradigma de amor que naturalize o sofrimento extremo é algo a ser abolido
logo eu dizendo isso, a suicida

então eu me esforço dia e noite para que o amor que não consigo fazer passar
ao menos não me faça definhar e morrer
que tudo que amo nele seja força pra lutar e viver
me impelir nessa caminhada
e que essa caminhada não seja uma espera de longo prazo pela morte
mas vida
das pulsantes e úteis
das apaixonadas
mas paixão sem páthos

"o amor romântico é o único que mata
todos os outros se alinham com a potência da vida"

e eu quero viver
eu quero viver
quero até sem você

mas me dou esse luxo de te amar
ciente de que não vou ter
nunca mais em meus braços
mas vou amar, sim
a 1700 km
vou viver e vou amar
para que eu possa continuar aqui
de todas as formas possíveis
sem me trair.

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