quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Cuitelinho

Estou lendo "A língua de Eulália", do Marcos Bagno, uma "novela sociolinguística". Uma delícia. E aí cheguei num capítulo que tem a música Cuitelinho, um clássico das canções sertanejas.

E eu conheço essa música, que é linda. Eu conheço porque quando eu tinha 12 anos, minha mãe pediu pra eu procurar no youtube e ficou super feliz por poder ouvi-la, e quantas vezes quisesse. E eu não gostava da música. Eu não gostava porque o português dela era de caipira, e é uma música sertaneja, enfim.

E hoje eu quero ouvir essa música espontaneamente. Hoje, mesmo antes de começar esse livro, eu já sei que preconceito linguístico é uma besteira e que o português da música não é errado.

 Minha mãe não está aqui pra eu mostrar esse meu pequeno avanço rumo a tolerância. Onde ela está, não sei. Os restos mortais, a 1700km. A alma, muito aqui. Em mim, que a amo.

A dor do luto e da saudade não me parece que sejam algo que passe; contudo, certamente o tempo ajuda a amenizar. Em parte, o vazio se torna parte de ti, e você se acostuma a doer e sentir a falta em tempo integral. Porque são uma nova realidade imutável.

Porém, hoje, quando cheguei naquele capítulo, eu não quis chorar. Nem chorei. Não foi como uma marretada inesperada de dor quando eu menos esperava (embora eu ainda tenha momentos assim). Foi só saudade. E eu sorri. Sorri com saudade.

Mas estou aprendendo a deixar ir.

2 comentários:

  1. Garota, vc me inspira muito. Já tive depressão e tentei me matar, fui salva por uma amiga que chamou a ambulância... às vezes sinto raiva dessa amiga, pq essa vida tem muita dor, mas agradeço muito e não farei isso de novo por minhas filhas... e ver o amor que vc sente por sua mãe me impulsiona ainda mais. Só pra dizer que te leio e seu texto é ótimo, porque emociona e pra mim, essa é a função da escrita. Bjs

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  2. Que avanço, Gio, estou feliz por você. ^^

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