segunda-feira, 22 de maio de 2017

artemísia

07.05.17
para Carol Knihs

eu não quero o rentável
mercadológico
lucrativo
neoliberal

eu quero o que é humano
cíclico
natural
que fenece e renasce
refloresce

eu quero o que é das mulheres
que sangram sem violência
renovam
criam
plantam
amam

eu não quero a sexualidade
do capital
do patriarca
do poder vertical

eu não quero a erótica da submissão
a estética da auto-anulação
eu quero a sexualidade da liberdade
e "escolher entre diferentes tipos de inferno
não é liberdade"

eu quero a maestria do meu corpo
do meu gozo
eu quero o pulsar da autonomia
autogestionária
eu quero o prazer da comunhão cúmplice
de relações horizontais

se "a heteronormatividade
é um poder paralelo"
eu quero para mim o poder
o poder simples que me foi exilado
de pertencer a mim
eu quero o poder de resistir
sem ter de
sem sequer tentar
me adequar

eu quero a biodiversidade selvática
da flor que irrompe a dureza
do asfalto
da raiz que racha a calçada
da raizeira de pele enrugada
que colhe a cura nas mãos
que revolvem a terra

eu quero transbordar da margem
na qual tentaram me afogar
eu quero a transcendência das mulherem
que riem
que teimam em saber rir
gargalhar do ventre até o céu
apesar de tanto termos a chorar
ainda rimos
pois nos sabemos nossas
e não sós
jamais sós.

terça-feira, 2 de maio de 2017

02:20

30.04.17

os caminhos que a gente quer
nem sempre existem.