segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Gratidão

Eu te digo "obrigada"
e você diz que eu não preciso agradecer

mas persisto, insisto
dentro do meu coração,
te agradeço todo dia
pelo amor,
pelo cuidado,
pela devoção

te agradeço por não querer meus "obrigada"
e por aceitar meus "eu te amo"

te agradeço pelo alívio da solidão
e pela verdadeira companhia

te agradeço pela sinceridade
pela paciência
pela doçura

te agradeço pelos dias em tua presença
te agradeço pela delicadeza
e pela permanência.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Queria dormir contigo
E nunca mais acordar
Mas acima de tudo
Queria dormir contigo


O maior tributo de amor que posso dar é acordar.

sábado, 17 de novembro de 2012

The Cardigans - Communication

For twenty-seven years I've been trying
To believe and confide in
Different people I've found
Some of them got closer than others
Some wouldn't even bother
And then you came around

I didn't really know what to call you
You didn't know me at all
But I was happy to explain
I never really knew how to move you
So I tried to intrude through
The little holes in your vanes
And I saw you

But that's not an invitation
That's all I get
If this is communication
I disconnect
I've seen you, I know you
But I don't know how to connect
So I disconnect

You always seem to know where to find me
And I'm still here behind you
In the corner of your eye
I'll never really learn how to love you
But I know that I love you
Through the hole in the sky
Where I see you

And that's not an invitation
That's all I get
If this is communication
I disconnect
I've seen you, I know you
But I don't know how to connect
So I disconnect

Well, this is an invitation
It's not a threat
If you want communication
That's what you get
I'm talking and talking
But I don't know how to connect
And I hold a record for being patient
With your kind of hesitation
I need you, you want me
But I don't know how to connect
So I disconnect
I disconnect

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Eu queria que você estivesse aqui

Eu queria que você estivessse aqui.

Em primeiro lugar, eu te abraçaria. Eu te abraçaria como me arrependo amargamente de não ter feito a última vez que nos vimos. Eu te abraçaria como tenho sonhado fazer, e acordo com o coração doendo, doendo, doendo. Eu te abraçaria apertado e forte como você fazia comigo e como faço com quem gosto.

Eu te apresentaria ao meu namorado. Você gostaria dele no início, e depois não mais, como fazia com qualquer pessoa, me frustrando até a exaustão. Mas ele é bom pra mim. Ele me salvou um pouco do terror que é sua ausência.

Eu discutiria com você sobre os livros que tenho lido. Eu te falaria sobre a faculdade, a aula de Antropologia. Eu te falaria sobre o brilhantismo da Beauvoir ao aplicar o conceito de alteridade a Mulher. Eu te levaria em palestras, caso você quisesse.

Eu te mostraria Amanda Palmer, e as músicas novas que toco no violão. Eu cozinharia pra você.

Você conheceria minha casa nova. Você veria como os gatinhos estão enormes.

A gente poderia conversar sobre biopoder. A gente poderia conversar sobre qualquer besteira.

Você veria minhas metamorfoses capilares. Você veria meus pilcens. Você veria meus dentes se ajustando ao aparelho.

Eu te contaria sobre como a solidão persiste. E você entenderia tudo, na hora, porque partilhamos isso em comum desde que você me pôs nesse mundo escroto. Você também o achava escroto.



Eu perdi minha mãe. Mas eu não perdi só a mulher que tinha meu sangue e me criou, não. Eu perdi minha companheira, minha amiga, minha origem. Perdi minha família. Perdi a pessoa que mais me conhecia e entendia nesse mundo, não por, como no estereótipo materno, apenas conviver comigo, mas porque éramos tão parecidas. Divergentes em muita coisa, mas irmãs de alma no essencial.

"É preciso ser íntegro até a dureza nas questões do espírito para tão-somente suportar a minha seriedade, a minha paixão." - Nietzsche. Você tinha bom gosto, mãe.

A saudade continua numa espiral intoxicante.

Eu penso em você todos dias. Eu espero que, se há alguma coisa depois dessa vida, que seja melhor, porque você sofreu muito. E espero que de alguma forma nossos espíritos se encontrem no ar um dia e eu possa te abraçar e ver seu sorriso de novo. Eu espero que eu possa ver seus olhos sem tristeza. Espero acima de tudo que você não sofra. Porque eu já sofro o bastante por nós duas.

Eu queria que você estivesse aqui. E eu sei que seria muito mais difícil pelos próximos anos do que vai ser. Mas você sempre disse pra eu sair da zona de conforto. Dessa vez, eu sairia. Eu prometo que eu sairia.


Queria que você tivesse orgulho de mim, hoje. Você teria? Eu não tenho.


"E estou pedindo, pedindo, pedindo um perdão."
Você me perdoaria? Porque eu não consigo me perdoar.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

The Smiths - Asleep


Sing me to sleep
Sing me to sleep
I'm tired and I
I want to go to bed
Sing me to sleep
Sing me to sleep
And then leave me alone
Don't try to wake me in the morning
'Cause I will be gone
Don't feel bad for me
I want you to know
Deep in the cell of my heart
I will feel so glad to go

Sing me to sleep
Sing me to sleep
I don't want to wake up
On my own anymore
Sing to me
Sing to me
I don't want to wake up
On my own anymore
Don't feel bad for me
I want you to know
Deep in the cell of my heart
I really want to go

There is another world
There is a better world
Well, there must be
Well, there must be
Bye bye

domingo, 4 de novembro de 2012

Houve um tempo em que eu tive esperança. Houve um tempo em que eu rezei - mesmo sendo desde sempre profundamente agnóstica - para o vazio para que minha vida melhorasse. Que a solidão diminuísse. Que aquele que invadiu minha família fosse embora. Que o tempo passasse, e eu crescesse, e construísse uma vida bonita.

Houve um tempo em que eu desejei estar morta, mas tive medo. Medo da dor, medo do que poderia vir depois, medo de me arrepender. E sobretudo, medo de ferir aqueles que me amavam. Rezei para o vazio para que eu adoecesse, ou sofresse um acidente, para poder morrer sem ter de fazê-lo com minhas mãos.

Houve um tempo em que eu amei com toda a minha alma desesperada, torta e sombria. Houve um tempo em que o amor foi minha grande esperança, e houve um tempo em que ele foi minha devastação e minha ruína.

Houve um tempo em que eu acreditei que eu poderia ser uma adulta relativamente feliz. Houve um tempo em que eu confiei nas minhas potencialidades para me levarem para um lugar melhor.

Houve um tempo em que eu tive uma certa ânsia de realizar coisas, projetos, viagens, produção acadêmica, o diabo.

Houve um tempo que eu quis cantar, ter uma banda, me apresentar. E não tive energia pra investir porque não conseguia achar que as pessoas poderiam gostar.

Houve um tempo no qual eu desenvolvi uma técnica para abafar totalmente meus soluços ao chorar, para que ninguém em casa ouvisse. E houve um tempo no qual isso não era necessário porque eu me forçava a um estoicismo extenuante, porém eficaz.

Houve um tempo em que eu sofri muito porque meus colegas de escola não gostavam de mim mesmo eu me esforçando. Sofria muito por pensar que eu era indigna da afeição. E houve um tempo no qual eu constatei que isso não mudou e que eu não tenho mais ela pra falar sobre o quanto dói.

Houve um tempo em que eu fui dominada pela dor, pelo luto, pela saudade. Pela saudade dela, e pela saudade de mim.

Há um tempo em que eu procuro por uma razão.