sábado, 19 de abril de 2014

viver é criar

contemplo o chão
mas caminho sobre ele
em vez de me jogar
ou tombar nele

contemplo o sol
e deixo-o aquecer minha pele
clara mas nem tão sensível
a ponto dele queimá-la
aquece apenas
e na grama sob o sol sinto-me em casa

contemplo o abismo
e extraio dele criação
extraio poesias
sons
e compaixão
porém desta vez não mergulho
além do necessário
há de se traçar uma linha
entre o artista que sangra
e o que morre de hemorragia
ambos valem muito
mas um não cria mais
e eu quero criar
e viver
e amar
e cuidar
e ser
e sorrir
e sentir
e vibrar
e sangrar
e recomeçar
mais uma vez
e outra, e outra, e outra, e outra.

Um comentário:

  1. arrepio + lágrimas nos olhos. bom fim de semana, gi! bja da ariwell

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