domingo, 21 de julho de 2013

sobre existir

não sei exatamente quem sou
e isso me deixa feliz
parece-me que a existência de fato precede a essência
e sagrada seja a reinvenção de si
bendita a possibilidade
de recomeços incessantes

são bem-vindas as dúvidas
quero a verdade, e não a convicção estagnada
quero a verdade, não a absoluta
mas a que é real exatamente por ser circunstancial
quero a verdade, não só por capricho pessoal
mas porque verdadeiramente livre é quem liberta

e todxs deveriam poder
ser
e só

e viver e amar e crescer e cuidar 
e construir e reconstruir 
e desistir e recomeçar
e chorar e se arrepender
e gritar e respirar fundo
e sentir o peso do luto 
e a leveza da consciência do transitório
e a ir embora e voltar
para os braços de si mesmx
e sentir a dor e o pesar
e sentir-se faltar
sentir-se falhar

e no entanto apesar de todos os contratempos 
nosso corpo semi-alienado insiste em continuar
com todas as somatizações, o corpo insiste em sobreviver
e a despeito da vontade de enfiar uma faca num coração que insiste em bater
a despeito da vontade de enfiar uma faca num coração que insiste em doer
ele prossegue sem sossego
com sua sístole e diástole 
e o amor pode ser catástrofe
contudo ainda há o livre-arbítrio
a amplitude revolucionária de escolher
ser.



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