domingo, 4 de setembro de 2016

sobre viver

A loucura é o que restou do que tentaram me tirar
a minha voz dissonante fustigada pela cidade
grita o que me roubaram
e eu exijo: devolvam
quem eu podia ser
mas não fui

Não fui aquela lá
fui isso aqui
basta para alguém?
bastará para mim
farei bastar
custe o que custar
honrarei estar na minha pele
e não de outrem

Se tenho CID, ainda exijo
no meu espaço-tempo
viver como escolhi
e ser quem ousei ser
e insurgir e romper e traçar
para chegar do outro lado
e ser quem quero me tornar

Minha mãe foi tipo elefante:
foi para perto da cidade natal
para morrer
pelas próprias mãos
suicídio não é poesia
poesia é o que me resta
para lidar
com o que sobrou
com o posterior

Do alto do precipício forjado
em busca de sanidade
nos moldes dos outros
sou aquela que quer findar diferente
do que o que tentaram me fazer ser
contemplo o abismo e não pulo
voo para o outro lado
escolho outro caminho:
o meu.

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