segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Mundo hostil

Eu amo ser mulher. Mas eu odeio que isso seja razão para viver com medo.

Eu amo ser mulher. Eu amo várias coisas que atribuem a meu gênero - usar vestidos, saias, maquiagem, bonecas, ser romântica, cozinhar, ser vaidosa. Mas eu odeio que essas coisas sejam impostas a alguém que não se sinta confortável com elas. Eu odeio que alguém queira realizá-las mas não possa, por ser - ou ser considerado - homem. Eu amo ser mulher. Mas eu odeio cissexismo.

Eu amo homens (ou, eu amo um específico). Mas eu odeio homofobia. E eu odeio heteronormatividade.

Eu amo ser mulher. Mas eu odeio viver num mundo hostil pra isso. Eu odeio que exista um padrão de beleza para mulheres irreal e mutilador. Eu odeio que nossa sexualidade seja reprimida, condenada e distorcida. Eu odeio temer violência sexual e saber que, se tantos homens são capazes de fazer piada de estupro, como evidenciado pelo caso do BBB, quantos me socorreriam e quantos me culpariam por qualquer razão que fosse? Eu amo ser mulher, mas eu amo a liberdade de ser e de não ser. De ser mulher, caso eu queira ser (porque a única pessoa que pode definir meu gênero sou eu), e que seja do meu jeito, com as especificidades minhas, apenas minhas. E de não ser, caso eu escolha não ser.

Eu amo ser mulher. Mas eu odeio quem permite (através de piadas, através de ofensas, através do silêncio, através da omissão) que isso ainda seja tão difícil.

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