quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Love

Desde bem criança, eu me apaixono com frequência. Não sei porquê. Desejava intensamente, e nem me pergunte como isso era possível, aos, sei lá, 7 anos. Só sei que eu queria muito estar perto do garoto em questão e me sentia péssima quando era rejeitada e/ou preterida, então eu esquecia, sofrendo muito e esperando o tempo passar, ou me apaixonando por outra pessoa. E isso se repetiu por ANOS.

Acredito que tenha sido com a letra de The Police - Message in a bottle que eu finalmente percebi:

"Only hope can keep me together
Love can mend your life but
Love can break your heart"
(Apenas a esperança pode me manter são/ O amor pode reconstruir sua vida mas/ O amor pode partir seu coração)

Era isso. Eu já tinha tido meu coração partido muitas vezes - mas percebi que eu acreditava, tinha a firme certeza, vinda não sei de onde, que o amor poderia reconstruir a minha vida; que o amor poderia me salvar.

Deus sabe que a minha depressão parecia algo bem atípico na infância. Hoje não sei se as outras crianças eram, realmente, mais felizes e inocentes ou se apenas fingiam melhor. Bullying, solidão extrema, caos familiar - minha infância não foi feliz. Não estou me vitimizando e é óbvio que poderia ser pior, mas, de qualquer maneira, não era feliz e fico satisfeita por aquela época ter terminado.

Eu me sentia inadequada e triste quando era criança. Mas eu acreditava que isso era devido a solidão, não o contrário. Fui começando a achar que tinha algo muito, muito errado comigo, porque se na 2ª série qualquer zé mané costuma ter amigos, por que eu não conseguia? Porém, eu me sentia mais injustiçada do que errada; eu sabia que eu não era uma pessoa ruim, então por que tantos recreios sozinha?

Minha fuga foi a leitura. Eu li muito quando criança. Muito mesmo, porque minha escola pública era muito fácil pra mim, então todo meu tempo livre era gasto lendo.

Aliás, é justo que eu faça uma ressalva: 2004 (minha 4ª série) foi um bom ano. Eu saí de Florianópolis e morei em Brasília. Aqui, tive uma professora maravilhosa, Mônica, que era carinhosa e me incentivava bastante, e consegui fazer amigos na escola. Eu só os via na escola mesmo, porque moravam longe, mas era ótimo. Voltei para Floripa no final de 2004 (passei menos de um ano em Brasília).

Depois dos 10, quando comecei a morar com meus irmãos, fui lendo menos, e ficando mais no computador.

No final da 6ª série, em 2006, em Floripa, eu fiz um grupo de amigos realmente legal: Maria, Luiza, Rodrigo, Poster, Ísis, Iarima, Iris, Txai. Parte deles continua firme e forte até hoje, e eu os visito quando viajo pra lá.

2007 foi um ano fodidamente difícil. E no final de 2007, eu vim pra cá, Brasília. Muita coisa aconteceu. Mas eu tive bons amigos, e namorei o Allan. Era sofrido pra ambos, mas me marcou. Terminamos no início de 2008, e meu coração voltou a ser partido sucessivamente. Mas ao menos, eu tinha bons amigos.

2009 foi horrível. Fiz merda, paguei o preço com muitos e muitos juros, não conseguia mais chamar a casa dos meus irmãos como se fosse minha. Tudo pesado demais. Fraquejei. Senti alívio quando pensei que estava tudo acabando. Mas não estava. Sobrevivi, amargurada.

No final de 2009, eu voltei a falar com o Allan. E voltamos a namorar.

Acabou há algumas semanas. Mas deus, como fui feliz. Choro ao lembrar de como fui feliz, haha. Como todo relacionamento, teve momento dificílimos, e eu errei muito. Mas, passado o gosto amargo de desespero e rejeição, eu não consigo pensar em nada de ruim sobre ele e sobre o que vivemos. A saudade me corrói às vezes, mas quando ela está branda, eu penso que, se ele está bem, como parece estar, é quase como se eu estivesse também.

Se eu morresse hoje a noite, eu morreria em paz. Porque fui feliz. Porque vivi todas as coisas que eu mais queria. E porque eu estava certa. Mesmo que agora seja unilateral e doa bastante às vezes, o amor realmente salvou a minha vida.


Um comentário:

  1. e o amor vai continuar te salvando e depois te matando por muito tempo ainda.

    eu li em algum lugar que de nada vale tudo o que é dito antes de um "mas". então fico feliz que as dificuldades, as tristezas, as frustrações estejam lá. e que assim se mantenham.

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