"esteja aí/viva/inteira até x data para nos vermos"
não
posso.
terça-feira, 25 de junho de 2013
Todos os amores são insubstituíveis
hipotequei a minha vida
para tentar quitar a dívida
de ter comprado o mito do amor romântico
-
"There are all kinds of love in the world, but never the same love twice."
-F. Scott Fitzgerald
(Existem todos os tipos de amor no mundo, mas nunca o mesmo amor duas vezes)
Acho que a parte sua que ama alguém ou continua, ou morre. Mas ela nunca é substituída. O pedaço do seu coração que amou alguém nunca ama outra pessoa. Todos os amores são insubstituíveis. Mesmo os menores. E, principalmente, os maiores.
A parte mais difícil é quando todos os quartos fechados em seu coração (inclusive os de ausências não-românticas) parecem virar um buraco negro disposto a engolir você e sua vida.
2007 era, até recentemente, o pior ano da minha vida.
2013 está sendo pior.
Tive uma terrível epifania:
O problema não eram as circunstâncias.
O problema sou eu.
É possível escapar de quem se é? Mesmo as pessoas mais otimistas que conheço não negam que os momentos ruins - e a dor - fazem parte inerente da vida.
E se eu simplesmente negar o pacote?
para tentar quitar a dívida
de ter comprado o mito do amor romântico
-
"There are all kinds of love in the world, but never the same love twice."
-F. Scott Fitzgerald
(Existem todos os tipos de amor no mundo, mas nunca o mesmo amor duas vezes)
Acho que a parte sua que ama alguém ou continua, ou morre. Mas ela nunca é substituída. O pedaço do seu coração que amou alguém nunca ama outra pessoa. Todos os amores são insubstituíveis. Mesmo os menores. E, principalmente, os maiores.
A parte mais difícil é quando todos os quartos fechados em seu coração (inclusive os de ausências não-românticas) parecem virar um buraco negro disposto a engolir você e sua vida.
2007 era, até recentemente, o pior ano da minha vida.
2013 está sendo pior.
Tive uma terrível epifania:
O problema não eram as circunstâncias.
O problema sou eu.
É possível escapar de quem se é? Mesmo as pessoas mais otimistas que conheço não negam que os momentos ruins - e a dor - fazem parte inerente da vida.
E se eu simplesmente negar o pacote?
domingo, 23 de junho de 2013
genitores gera-dores
a tragédia primordial é ter nascido
todo o resto deriva disso
elogio meus genitores: não planejaram
essa tragédia
fui acidente levado a cabo
egoísmo e otimismo falaram mais alto
ninguém pensa "estou gerando uma vida num mundo cheio de dor"
ninguém planeja gerar uma suicida
passei anos me queixando a minha mãe: "por que você me teve?"
vez ou outra ela se enfurecia
e respondia
"não era pra ser você"
pura verbalização do descontrole
não deveria mesmo ser eu.
todo o resto deriva disso
elogio meus genitores: não planejaram
essa tragédia
fui acidente levado a cabo
egoísmo e otimismo falaram mais alto
ninguém pensa "estou gerando uma vida num mundo cheio de dor"
ninguém planeja gerar uma suicida
passei anos me queixando a minha mãe: "por que você me teve?"
vez ou outra ela se enfurecia
e respondia
"não era pra ser você"
pura verbalização do descontrole
não deveria mesmo ser eu.
sexta-feira, 21 de junho de 2013
fechando o círculo ou o cerco
as mesmas escápulas salientes
o mesmo sangue, afinal
em comum: só
o vazio não foi preenchido
só transposto
foi cavado mais um pouco
e a pá nunca enterra o que(m) exatamente eu queria
esqueci que viver é exatamente isso.
o mesmo sangue, afinal
em comum: só
o vazio não foi preenchido
só transposto
foi cavado mais um pouco
e a pá nunca enterra o que(m) exatamente eu queria
esqueci que viver é exatamente isso.
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Sobreviver é sobre deixar ir: eu não sou minha depressão
Minha mãe morreu há um ano. Esses dias, eu remexi uma pasta bem grande em que ela guardou inúmeros papéis nossos de quando eu era criança.
Eu e minha mãe nos amávamos muito. Aqueles papéis são desenhos meus, dela, "passatempos" que ela fazia pra mim - labirinto com "leve o Bin Laden até as Torres Gêmeas", cruzadinhas que não tinham respostas -, fragmentos de textos enigmáticos dela ou meus.
Chorei, claro, sempre. Eu sinto muita saudade dela. Era a pessoa mais parecida comigo no mundo e eu carrego muitíssimo dela.
O ponto é que, na melhor das hipóteses, somos todxs mortais. E meu novo imperativo categórico é querer ser uma boa lembrança para xs que me amam.
Acho que estou tendo muito êxito, levando em conta as mais de 20 ligações / sms / mensagens no facebook / visitas e ofertas de visitas. Muito carinho sincero e gratuito. Muita gente citando alguma coisa que eu fiz que foi importante para elxs - ouvi-lxs em alguma ocasião, falar de feminismo ou veganismo, oferecer suporte no luto, oferecer minha casa imunda mas cheia de amor, gatos e comida para alguém dormir.
Eu não sou minha depressão. Depressão não é só tristeza. Sou contra a medicalização e patologização de qualquer coisa que existe em nossa sociedade, adoro e recomendo esses dois textos:
http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/01/permissao-para-ser-infeliz.html
http://revistaepoca.globo.com//Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/06/os-loucos-os-normais-e-o-estado.html
fui internada compulsoriamente por dois dias, foi uma merda e não ajudou em nada, vi minha mãe passar por internação no HPAP também e isso abriu toda a questão das doenças mentais e marginalização pra mim, enfim.
De qualquer forma, quando digo eu não sou minha depressão, eu não estou dizendo que não tenho algo grave que acho, no meu caso, que precisa ser tratado porque quase me levou ao suicídio - oito vezes.
O que estou dizendo é que eu sou mais do que esse sentir-se mal. Eu sou mais do que minhas cicatrizes emocionais, eu sou mais do que o meu luto, eu sou mais do que uma fodida problemática. Eu sou uma pessoa, sensível, e que mesmo devastada nunca negou ajuda a ninguém. E acho que posso sim me orgulhar disso. E acho sim que posso pensar em Sartre - "A existência precede a essência" - ou em budismo tibetano - "Porque você está vivx, tudo é possível" - e tentar encontrar um caminho.
Eu não preciso morrer.
Todo esse blog, praticamente, são tentativas de expiação de dor através da escrita. Às vezes funciona melhor, noutras nem tanto, às vezes saem textos que dizem ser maravilhosos, noutras não falam nada. Sobretudo, porém, esse blog tem sido um diário de tentativas de sobreviver.
E eu estou viva. Vivíssima. Vivona. Muito ferida, certamente. Disposta a lutar para melhorar, também. E disposta a lutar por quem sofre.
Eu não vou mudar o mundo a nível macroscópico, eu não sei nem se existem muitas pessoas com poder político e financeiro para tal.
Mas o mundo é constituído por bilhões de universos individuais e hoje, agora, tenho plena certeza que já alterei vários. E alguns, para melhor.
Eu não vou mudar o mundo, contudo, jamais vou me resignar e dizer "É assim mesmo". Não vou passar reto por mendigxs, ou por alguém que sei que está mal. Não vou me furtar de fazer tudo o que eu puder, mesmo que seja muito pouco.
Acho que nenhum ato de gentileza nesse mundo é em vão. Nenhum.
Então estou dedicando esse post - e minha vida, e minha sobrevivência, a todxs vocês que me querem vivona e viram em mim alguma coisa que tornava essa vida valiosa quando eu realmente só conseguia ver em mim uma criatura patética e estragada que sempre se sentiu outsider. Obrigada por discordarem.
Eu amo vocês, e eu estou aqui. E isso já é um grande começo.
Obrigada.
Eu e minha mãe nos amávamos muito. Aqueles papéis são desenhos meus, dela, "passatempos" que ela fazia pra mim - labirinto com "leve o Bin Laden até as Torres Gêmeas", cruzadinhas que não tinham respostas -, fragmentos de textos enigmáticos dela ou meus.
Chorei, claro, sempre. Eu sinto muita saudade dela. Era a pessoa mais parecida comigo no mundo e eu carrego muitíssimo dela.
O ponto é que, na melhor das hipóteses, somos todxs mortais. E meu novo imperativo categórico é querer ser uma boa lembrança para xs que me amam.
Acho que estou tendo muito êxito, levando em conta as mais de 20 ligações / sms / mensagens no facebook / visitas e ofertas de visitas. Muito carinho sincero e gratuito. Muita gente citando alguma coisa que eu fiz que foi importante para elxs - ouvi-lxs em alguma ocasião, falar de feminismo ou veganismo, oferecer suporte no luto, oferecer minha casa imunda mas cheia de amor, gatos e comida para alguém dormir.
Eu não sou minha depressão. Depressão não é só tristeza. Sou contra a medicalização e patologização de qualquer coisa que existe em nossa sociedade, adoro e recomendo esses dois textos:
http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/01/permissao-para-ser-infeliz.html
http://revistaepoca.globo.com//Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/06/os-loucos-os-normais-e-o-estado.html
fui internada compulsoriamente por dois dias, foi uma merda e não ajudou em nada, vi minha mãe passar por internação no HPAP também e isso abriu toda a questão das doenças mentais e marginalização pra mim, enfim.
De qualquer forma, quando digo eu não sou minha depressão, eu não estou dizendo que não tenho algo grave que acho, no meu caso, que precisa ser tratado porque quase me levou ao suicídio - oito vezes.
O que estou dizendo é que eu sou mais do que esse sentir-se mal. Eu sou mais do que minhas cicatrizes emocionais, eu sou mais do que o meu luto, eu sou mais do que uma fodida problemática. Eu sou uma pessoa, sensível, e que mesmo devastada nunca negou ajuda a ninguém. E acho que posso sim me orgulhar disso. E acho sim que posso pensar em Sartre - "A existência precede a essência" - ou em budismo tibetano - "Porque você está vivx, tudo é possível" - e tentar encontrar um caminho.
Eu não preciso morrer.
Todo esse blog, praticamente, são tentativas de expiação de dor através da escrita. Às vezes funciona melhor, noutras nem tanto, às vezes saem textos que dizem ser maravilhosos, noutras não falam nada. Sobretudo, porém, esse blog tem sido um diário de tentativas de sobreviver.
E eu estou viva. Vivíssima. Vivona. Muito ferida, certamente. Disposta a lutar para melhorar, também. E disposta a lutar por quem sofre.
Eu não vou mudar o mundo a nível macroscópico, eu não sei nem se existem muitas pessoas com poder político e financeiro para tal.
Mas o mundo é constituído por bilhões de universos individuais e hoje, agora, tenho plena certeza que já alterei vários. E alguns, para melhor.
Eu não vou mudar o mundo, contudo, jamais vou me resignar e dizer "É assim mesmo". Não vou passar reto por mendigxs, ou por alguém que sei que está mal. Não vou me furtar de fazer tudo o que eu puder, mesmo que seja muito pouco.
Acho que nenhum ato de gentileza nesse mundo é em vão. Nenhum.
Então estou dedicando esse post - e minha vida, e minha sobrevivência, a todxs vocês que me querem vivona e viram em mim alguma coisa que tornava essa vida valiosa quando eu realmente só conseguia ver em mim uma criatura patética e estragada que sempre se sentiu outsider. Obrigada por discordarem.
Eu amo vocês, e eu estou aqui. E isso já é um grande começo.
Obrigada.
quinta-feira, 13 de junho de 2013
A dor
Minha dor é como uma criança pequena que esta angustiada há muito tempo tentando chamar minha atenção. Ela puxa minha mão, diz "Giovana!!", cruza os braços. Por fim, exausta, ela começou a gritar, gritar, gritar até ficar rouca. E eu parei meu caminho para me abaixar e abraça-lá. Sim, ela estava certa. Vamos para casa. A Terra não é nosso lugar. Nunca foi. Qual ele é? Não sei nem se existe. Aqui, não é.
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