domingo, 28 de janeiro de 2018

do amor e suas metáforas ii

e como flor abrir-se
dar vazão as caliandras do sertão
ser buriti enraizada n'água
pois perto dela, tudo é feliz
tecer o fino fio da teia da vida
e preenchê-lo de cor
roxo de Nanã
ouro de Oxum
ao lançar-se como seta
ao tensionar o arco
não temer o desconhecido
ter fé no arqueiro caboclo
oke arô meu pai

amar como bênção d'água
água de estrelas rosas
amar como água profunda e tácita
saciando a sede e lavando marcas

amar como o etéreo ar
inspirando o que desejo
e expirando para expurgar
e viver aos braços do mar
pois ele não pertence a ninguém
e tampouco pertenço eu

ao ser minha única dona
posso amar melhor e maior
desejo mas não dependo
cuido mas não tutelo
apóio mas não avanço
além das linhas estabelecidas
pelo outro lado do laço
reconheço meu lugar
no mundo e transito entre amores
mergulho sem perder-me de mim
afinal das contas
eu tinha mesmo que estar aqui
graças a Deus não morri.

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