terça-feira, 11 de outubro de 2016

Refúgio

Que coisa impressionante é o amor e sua capacidade de abrir os asfaltos estéreis que nem a flor do Drummond, de ocupar os espaços e transbordá-los, de romper limites arbitrários para traçar caminhos para outros mais humanos e solidários. 

Amar é insurgir contra o tempo da máquina e criar outro. Um tempo e um mundo novo em que tudo brilha diferente. Tempo de delicadeza. De vozes baixas. De arder, passional & febril, tanto quanto de repousar na suavidade. Suspirar e repousar lado a lado. De mãos dadas. Ou no colo de alguém. A vulnerabilidade da entrega. E a beleza que reside no inefável. Na intimidade. 

"Eu dei-lhe a flor de minha vida"
Tempo e sinceridade no estar ali são algumas das coisas mais preciosas que você pode dar a alguém.


Amar é uma dádiva.
 

Mas escolham bons solos para as sementes. Na areia, não costuma brotar. Regar areia geralmente é vão. Não se trata de atribuir culpas, e sim de respeitar a natureza alheia. Escolher permanecer, frente ao amor e a intimidade, é um ato de coragem tanto quanto deixar ir quando não se cabe mais ali.

A vida é custosa demais para termos mais peso nela. Merecemos refúgio. Espaço-tempo coexistindo com alguém que te permita digerir a vida. E cuidar do território sagrado que é o espaço físico e psíquico do outro para que o contato entre uma terra a outra, ou um mar a outro, seja nutritivo. Que o conectar seja são, que seja doce. Merecemos refúgio.
{tenho tido. }

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