terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

all we ever wanted was everything

l'amour c'est une patifarie

Eu lembro de seus olhos, e eu lembro do seu calor, e eu lembro dos seus braços, e eu lembro das suas lágrimas. E eu lembro da sua voz monocórdia, dos seus olhos tão cansados e tão doces, e de como você às vezes fechava os olhos enquanto ria. E eu lembro de você no meu colo, e eu lembro de eu no seu. E eu lembro daquela vez em que você literalmente dormiu nos meus braços, com a cabeça no meu peito, na cama, e de como eu tive dor nas costas depois, e do quanto valeu a pena. Eu lembro de todos os "eu te amo" que nunca me foram respondidos, exceto por gestos de delicadeza condescendente. Como me puxar mais pra perto. Mas jamais dizer "eu também". Eu lembro da sua inocência, da sua leveza pesada e ambígua, dos seus silêncios e de como seu carinho era bom. De como era acolhedor acordar no meio da noite, angustiada, e poder passar o braço ao seu redor. E você não movia um músculo no sono tão pesado. Eu lembro de como a roda do dharmma girou, e eu acordava antes de ti pra te levar chocolate quente, como tanto já fizeram por mim. Para que seu acordar doesse menos. Para que você se sentisse amado. Para que se sentisse profundamente amado, assim queria eu. E assim se sentindo, pudesse se permitir talvez sentir o mesmo por mim. E pudéssemos seguir na apoia mútua dos bichinhos, um cuidando do outro neste mundo hostil. E eu lembro do quanto eu gostava de te ver tocar violão, do quanto eu gostava de fazer nada do teu lado. E eu lembro de dormir nos seus braços ouvindo Sacrilege dia 20 de novembro, um dia tão difícil para mim, por ser anterior ao 21. E eu lembro de tudo que eu te dei e de tudo que você deu para mim. Só pudemos dar o que tínhamos. Mas o que eu tinha foi seu. Resta-me agora deixar a medicina que é o tempo passar para desanuviar as mágoas da unilateralidade do fim. O fim sempre chega. E frequentemente parece ter chegado cedo demais. No tempo que nos coube eu fui feliz. Uma pessoa tão triste me fez feliz. Tenho esperança de que tenha sido mútuo. Dentro do possível.


"Can you take me to your heaven, I'm ready
I know the weight of my heart is too heavy
I will love you with all of the love that I have
Even if that means there's none left for me

I'll carry your cross now, baby
It's a blasphemous world today
(...)
I'll bury your pain now, baby
Are you happier now, happier now?"
Cold Cave - Underworld USA

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