sexta-feira, 13 de setembro de 2013
Salsinha
Enquanto
picava a salsinha para temperar a batata, Stella sorriu de leve. Ele
não gostava de salsinha, e por isso, ela não usava. Mas agora eles não
estavam mais juntos e ela podia colocar tanta salsinha quanto quisesse.
Uma pequena vitória triunfante que não valia de nada comparado ao
quanto ela ainda queria tê-lo dormindo ao lado dela todas as noites e
manhãs. Mas as coisas são como são.
Ao menos tinha batatas assadas. Com salsinha.
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
catando os cacos
vou encher meu coração de compaixão
porque paixão romântica mata
e eu quero viver
se você deixar
uma paixão mal posicionada te come inteira
e teus restos não servem mais pra nada
e prefiro parar por aqui, enquanto meus cacos ainda refletem a luz
porque sei que ainda posso, com sorte, voltar ao ponto em que
mesmo que talvez eu nunca torne a ser inteira,
esses cacos não firam os pés de quem se aproximar de mim.
porque paixão romântica mata
e eu quero viver
se você deixar
uma paixão mal posicionada te come inteira
e teus restos não servem mais pra nada
e prefiro parar por aqui, enquanto meus cacos ainda refletem a luz
porque sei que ainda posso, com sorte, voltar ao ponto em que
mesmo que talvez eu nunca torne a ser inteira,
esses cacos não firam os pés de quem se aproximar de mim.
terça-feira, 10 de setembro de 2013
Sobre suicídio, condenação e solidariedade
Existe uma mulher muito maravilhosa chamada Adriana Mendes, jornalista, guerreira, e igualmente, como eu, fã de The Cure e Smiths que me citou num post dela. Eu havia postado uma imagem do Calvin e Haroldo (que nem sei se era a tirinha original; acredito que substituíram as falas) falando sobre bandas de mEtAl e a mãe do Calvin dizendo que se eles fossem tão tr00 assim eles se matariam num ritual satânico no meio de um show, e que na verdade eles só falavam desses assuntos nas músicas pelo dinheiro. Eu compartilhei a imagem e comentei da minha teoria de que o Robert Smith e o Morrissey são dois posers porque estão desde os anos 80 falando de suicídio sem concretizar.
Mas o post dela apenas citou isso, por cima; era um post sobre suicídio, especificamente, o suicídio do Champignon, da banda Charlie Brown Jr.
Eu não ouço Charlie Brown. Eu não estou inteirada do caso. Contudo, suicídio é um tema que me toca profundamente.
Eu tentei me matar pela primeira vez aos 10 anos de idade - enforcada. A segunda, aos 12, com overdose de medicamentos. Aos 15, enforcada. Aos 18, aluguei um quarto do 13º andar pra me jogar, tentei injetar vaselina na veia (não tenho as manha), cogitei me enforcar, caminhei até a rodoviária do Plano pra me jogar (chegando lá achei que não seria alto o bastante), e, por fim, tomei meu antidepressivo em superdosagem. Acordei com uma crise de ansiedade terrível e, desde então, decidi que, por ora, não quero morrer. Isso foi em julho.
Recentemente, no dia 1º de setembro, eu completei 19 anos, e no dia 2, me tatuei. Tatuei "Choose Life." "Escolha vida."
Como eu disse a uma amiga,
"Eu acho que suicídio é meu fantasma da vida inteira
por isso que quero tatuar choose life
pra quando tudo doer muito e eu ver a tattoo no espelho, eu lembre de que a tattoo doeu mas tá ali pra sempre
e que algumas dores são transitórias também
e porque, se um dia eu realmente não conseguir ir além, vai estar gravado na minha pele o quanto eu tentei, tentei a sério e com tudo de mim"
Ela: "é como se vc admitisse que o suicidio é uma parte de vc que vai existir pra sempre, mas q ela pode se manter menos forte que outras vontades."
Eu: "sim
é bem isso mesmo
eu não ouso dizer "estou curada", "essa ideia está totalmente fora de cogitação"
o que digo é: tentarei ser mais forte que isso
tentarei domar a ânsia."
Eu tatuei Choose Life, porque eu quero viver, e, mais importante, para eu ter isso gravado na minha pele. Eu dizia muitas vezes a meu ex namorado que eu tinha vontade de tatuar alguma frase relacionada a força, resistência, sobrevivência, porém, que eu temia tatuar e um dia de fato me suicidar e a tatuagem me denunciar como uma covarde. Eu já não penso assim.
Suicidas nunca são covardes. Suicidas nunca são fracos. Cada dia em que acordamos vives é um novo marco de que nunca vivemos, numericamente, tantos dias quanto aquele. E sobreviver custa caro. Todas as pessoas que estão vivas, hoje, merecem parabéns por terem conseguido isso, especialmente se o fizeram e fazem tentando não prejudicar o próximo.
Eu já discuti com um bom número de psiquiatras, durante o pior da minha depressão, quando eu estava decidida a me suicidar. E, francamente? Eu tenho certeza que eles não entendiam essa vontade. Na minha opinião, por trás dessa ideia de patologizar tode suicida (a todes se atribuem ou atribuiríam depressão ou qualquer desordem psiquiátrica), e interná-les, existe um medo muito grande de admitir que uma pessoa totalmente lúcida possa sentir tanta dor que decida pôr fim a própria vida. Disso, decorrem inúmeras besteiras sobre suicidas, do tipo "Poderia ter tentado mais", "Não se esforçou o bastante", "Jovem demais", "Tinha saúde", "Deveria ter procurado ajuda."
"Deveria ter procurado ajuda". Era esse o ponto que eu queria chegar.
Quando alguém diz isso, a que tipo de ajuda a pessoa se refere? Profissional? Acho importantíssimo refletir sobre por que depositar tantas esperanças nas ciências psi, e mais do que isso: Refletir sobre o que qualquer um pode fazer.
Você acredita que você seja uma pessoa que um suicida poderia ligar para pedir ajuda? Você acredita que você mostra às pessoas que lhe cercam que você está disposte a apoiá-las, cuidar delas, ouvi-las e respeitá-las caso elas recorram a você?
Eu tive essas pessoas, esse ano. Nunca na vida eu tive tanta certeza de que eu era amada e tinha em quem me apoiar.
Já postei aqui no blog o que o psicanalista do Yoñlu falou:
"Namorar a idéia do suicídio é uma coisa que muita gente faz, é fantasia comum na adolescência e visitante freqüente dos desesperados. Chegar à beira de se matar também é algo que ocorre muito mais do que se admite publicamente, mesmo com pessoas que estão bem acompanhadas na vida, que possuem vínculos sólidos. Mas poucos chegam a se matar. Na hora, falta uma energia extra. Há uma força vital que nos segura no último momento. Essa força que nos prende ao grupo, às outras pessoas, ao quanto os outros gostam da gente e ao quanto nós gostamos dos outros. Isso tece uma rede, uma teia que nos suporta na vida. Muitas vezes, quando o sangue aparece nos pulsos cortados, as pessoas acordam do seu transe mortífero e pedem ajuda. Para dar esse último passo, se suicidar, é preciso de um desespero, de uma desesperança muito forte ou de alguém que te puxe para baixo."*
E eu comentei, dia 8 de fevereiro deste ano: Minha teia contra minha desesperança. Façamos nossas apostas.
Houve um tempo em que mesmo a teia existindo, a desesperança quase me levou embora. Nessa última tentativa de suicídio, com os medicamentos, eu fiquei em dúvida entre tentar me enforcar ou tomar os remédios. Optei pelos remédios. Creio que uma parte de mim quis dar uma chance de eu falhar. E felizmente, falhei.
Há quem não falhe. Há quem tenha êxito no suicídio. Minha mãe teve.
As religiões, majoritariamente, condenam o suicida a sofrimentos terríveis após sua morte. Muita gente cita "Ser ou não ser, eis a questão", do Hamlet, peça do Shakespeare, todavia, poucos sabem que esse trecho é uma divagação sobre suicídio.
Ele diz:
"Morrer... dormir; nada mais! E com o sono, dizem, terminamos o pesar do coração e os mil naturais conflitos que constituem a herança da carne! Que fim poderia ser mais devotadamente desejado? Morrer... dormir! Dormir!... Talvez sonhar! Sim, eis aí a dificuldade! Porque é forçoso que nos detenhamos a considerar que sonhos possam sobrevir, durante o sono da morte, quando nos tenhamos libertado do torvelinho da vida. Aí está a reflexão que torna uma calamidade a vida assim tão longa!"
E se põe a citar várias coisas desagradáveis que viver nos obriga a enfrentar. E para mim faz muito sentido: as religiões condenam o suicida (o que eu acho extremamente cruel) como um mecanismo de controle. Através do medo, tentam impedir as pessoas a suicidar-se. Porque de fato, se a morte é o supremo desconhecido, suicidar-se é espontaneamente lançar-se a ela. E ainda há quem diga que suicidas são covardes. Acredito, também, que a patologização do suicídio também se preste a esse controle: vamos dar um remedinhos que deixem essa pessoa tão anestesiada que não se jogue da janela, mas ainda produtiva. Produtiva pra ela mesma? Não, ingênue: para o mercado de trabalho, para suas obrigações perante a sociedade.
Se alguém se suicida, o sofrimento não foi pequeno. Julgar essas pessoas é julgar-se dotade de uma força moral da sobrevivência que essas pessoas também tiveram, até o momento em que deixaram de ter.
Em vez lamentar suicídios, ou ceder a essa ânsia cruel de condená-los e julgá-los, é muito mais producente tentar evitar suicídios.
Seja sensível ao sofrimento alheio. Ofereça ajuda. Pergunte com honestidade como as pessoas estão; tenha tempo para as pessoas. Talvez a pessoa não esteja nem cogitando suicídio, mas está mal, e às vezes gentileza gratuita e inesperada pode realmente mudar um dia. Ou salvar uma existência.
Eu que o diga.
Obrigada a todes que me querem viva e me ajudaram a conseguir nisso.
1- Post da Adriana Linda: http://etudoverdademesmo.blogspot.com.br/2013/09/a-decisao-de-champignon.html?spref=fb
2- Post em que está a entrevista do psicanalista do Yoñlu: http://conhecerparaprevenir.blogspot.com.br/2009/08/o-caso-vinicius-em-uma-corajosa.html
3- Post da citação de Hamlet: http://abaixoagravidade.blogspot.com.br/2013/07/shakespeare-hamlet.html
Mas o post dela apenas citou isso, por cima; era um post sobre suicídio, especificamente, o suicídio do Champignon, da banda Charlie Brown Jr.
Eu não ouço Charlie Brown. Eu não estou inteirada do caso. Contudo, suicídio é um tema que me toca profundamente.
Eu tentei me matar pela primeira vez aos 10 anos de idade - enforcada. A segunda, aos 12, com overdose de medicamentos. Aos 15, enforcada. Aos 18, aluguei um quarto do 13º andar pra me jogar, tentei injetar vaselina na veia (não tenho as manha), cogitei me enforcar, caminhei até a rodoviária do Plano pra me jogar (chegando lá achei que não seria alto o bastante), e, por fim, tomei meu antidepressivo em superdosagem. Acordei com uma crise de ansiedade terrível e, desde então, decidi que, por ora, não quero morrer. Isso foi em julho.
Recentemente, no dia 1º de setembro, eu completei 19 anos, e no dia 2, me tatuei. Tatuei "Choose Life." "Escolha vida."
Como eu disse a uma amiga,
"Eu acho que suicídio é meu fantasma da vida inteira
por isso que quero tatuar choose life
pra quando tudo doer muito e eu ver a tattoo no espelho, eu lembre de que a tattoo doeu mas tá ali pra sempre
e que algumas dores são transitórias também
e porque, se um dia eu realmente não conseguir ir além, vai estar gravado na minha pele o quanto eu tentei, tentei a sério e com tudo de mim"
Ela: "é como se vc admitisse que o suicidio é uma parte de vc que vai existir pra sempre, mas q ela pode se manter menos forte que outras vontades."
Eu: "sim
é bem isso mesmo
eu não ouso dizer "estou curada", "essa ideia está totalmente fora de cogitação"
o que digo é: tentarei ser mais forte que isso
tentarei domar a ânsia."
Eu tatuei Choose Life, porque eu quero viver, e, mais importante, para eu ter isso gravado na minha pele. Eu dizia muitas vezes a meu ex namorado que eu tinha vontade de tatuar alguma frase relacionada a força, resistência, sobrevivência, porém, que eu temia tatuar e um dia de fato me suicidar e a tatuagem me denunciar como uma covarde. Eu já não penso assim.
Suicidas nunca são covardes. Suicidas nunca são fracos. Cada dia em que acordamos vives é um novo marco de que nunca vivemos, numericamente, tantos dias quanto aquele. E sobreviver custa caro. Todas as pessoas que estão vivas, hoje, merecem parabéns por terem conseguido isso, especialmente se o fizeram e fazem tentando não prejudicar o próximo.
Eu já discuti com um bom número de psiquiatras, durante o pior da minha depressão, quando eu estava decidida a me suicidar. E, francamente? Eu tenho certeza que eles não entendiam essa vontade. Na minha opinião, por trás dessa ideia de patologizar tode suicida (a todes se atribuem ou atribuiríam depressão ou qualquer desordem psiquiátrica), e interná-les, existe um medo muito grande de admitir que uma pessoa totalmente lúcida possa sentir tanta dor que decida pôr fim a própria vida. Disso, decorrem inúmeras besteiras sobre suicidas, do tipo "Poderia ter tentado mais", "Não se esforçou o bastante", "Jovem demais", "Tinha saúde", "Deveria ter procurado ajuda."
"Deveria ter procurado ajuda". Era esse o ponto que eu queria chegar.
Quando alguém diz isso, a que tipo de ajuda a pessoa se refere? Profissional? Acho importantíssimo refletir sobre por que depositar tantas esperanças nas ciências psi, e mais do que isso: Refletir sobre o que qualquer um pode fazer.
Você acredita que você seja uma pessoa que um suicida poderia ligar para pedir ajuda? Você acredita que você mostra às pessoas que lhe cercam que você está disposte a apoiá-las, cuidar delas, ouvi-las e respeitá-las caso elas recorram a você?
Eu tive essas pessoas, esse ano. Nunca na vida eu tive tanta certeza de que eu era amada e tinha em quem me apoiar.
Já postei aqui no blog o que o psicanalista do Yoñlu falou:
"Namorar a idéia do suicídio é uma coisa que muita gente faz, é fantasia comum na adolescência e visitante freqüente dos desesperados. Chegar à beira de se matar também é algo que ocorre muito mais do que se admite publicamente, mesmo com pessoas que estão bem acompanhadas na vida, que possuem vínculos sólidos. Mas poucos chegam a se matar. Na hora, falta uma energia extra. Há uma força vital que nos segura no último momento. Essa força que nos prende ao grupo, às outras pessoas, ao quanto os outros gostam da gente e ao quanto nós gostamos dos outros. Isso tece uma rede, uma teia que nos suporta na vida. Muitas vezes, quando o sangue aparece nos pulsos cortados, as pessoas acordam do seu transe mortífero e pedem ajuda. Para dar esse último passo, se suicidar, é preciso de um desespero, de uma desesperança muito forte ou de alguém que te puxe para baixo."*
E eu comentei, dia 8 de fevereiro deste ano: Minha teia contra minha desesperança. Façamos nossas apostas.
Houve um tempo em que mesmo a teia existindo, a desesperança quase me levou embora. Nessa última tentativa de suicídio, com os medicamentos, eu fiquei em dúvida entre tentar me enforcar ou tomar os remédios. Optei pelos remédios. Creio que uma parte de mim quis dar uma chance de eu falhar. E felizmente, falhei.
Há quem não falhe. Há quem tenha êxito no suicídio. Minha mãe teve.
As religiões, majoritariamente, condenam o suicida a sofrimentos terríveis após sua morte. Muita gente cita "Ser ou não ser, eis a questão", do Hamlet, peça do Shakespeare, todavia, poucos sabem que esse trecho é uma divagação sobre suicídio.
Ele diz:
"Morrer... dormir; nada mais! E com o sono, dizem, terminamos o pesar do coração e os mil naturais conflitos que constituem a herança da carne! Que fim poderia ser mais devotadamente desejado? Morrer... dormir! Dormir!... Talvez sonhar! Sim, eis aí a dificuldade! Porque é forçoso que nos detenhamos a considerar que sonhos possam sobrevir, durante o sono da morte, quando nos tenhamos libertado do torvelinho da vida. Aí está a reflexão que torna uma calamidade a vida assim tão longa!"
E se põe a citar várias coisas desagradáveis que viver nos obriga a enfrentar. E para mim faz muito sentido: as religiões condenam o suicida (o que eu acho extremamente cruel) como um mecanismo de controle. Através do medo, tentam impedir as pessoas a suicidar-se. Porque de fato, se a morte é o supremo desconhecido, suicidar-se é espontaneamente lançar-se a ela. E ainda há quem diga que suicidas são covardes. Acredito, também, que a patologização do suicídio também se preste a esse controle: vamos dar um remedinhos que deixem essa pessoa tão anestesiada que não se jogue da janela, mas ainda produtiva. Produtiva pra ela mesma? Não, ingênue: para o mercado de trabalho, para suas obrigações perante a sociedade.
Se alguém se suicida, o sofrimento não foi pequeno. Julgar essas pessoas é julgar-se dotade de uma força moral da sobrevivência que essas pessoas também tiveram, até o momento em que deixaram de ter.
Em vez lamentar suicídios, ou ceder a essa ânsia cruel de condená-los e julgá-los, é muito mais producente tentar evitar suicídios.
Seja sensível ao sofrimento alheio. Ofereça ajuda. Pergunte com honestidade como as pessoas estão; tenha tempo para as pessoas. Talvez a pessoa não esteja nem cogitando suicídio, mas está mal, e às vezes gentileza gratuita e inesperada pode realmente mudar um dia. Ou salvar uma existência.
Eu que o diga.
Obrigada a todes que me querem viva e me ajudaram a conseguir nisso.
1- Post da Adriana Linda: http://etudoverdademesmo.blogspot.com.br/2013/09/a-decisao-de-champignon.html?spref=fb
2- Post em que está a entrevista do psicanalista do Yoñlu: http://conhecerparaprevenir.blogspot.com.br/2009/08/o-caso-vinicius-em-uma-corajosa.html
3- Post da citação de Hamlet: http://abaixoagravidade.blogspot.com.br/2013/07/shakespeare-hamlet.html
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
Hesitation wounds
Elliot Smith had no hesitation wounds*
some people think he was stabbed by his girlfriend
I guess they never heard about King's Crossing
I have no hesitation wounds either
no hesitation wound in my flesh
Mine are invisible
and heavy.
some people think he was stabbed by his girlfriend
I guess they never heard about King's Crossing
I have no hesitation wounds either
no hesitation wound in my flesh
Mine are invisible
and heavy.
smile like you mean it
a gente vai
a gente toma um rumo
a gente finge
a gente se esforça
a gente vai
a gente fecha os olhos, suspira
sente o peso
a gente só vai
às vezes só ir basta
noutras não
contudo, a gente vai
e eu, mesmo estagnada, preciso ir
vou fingir
até se tornar verdade
e se não se tornar
me limitarei a caminhar
a gente toma um rumo
a gente finge
a gente se esforça
a gente vai
a gente fecha os olhos, suspira
sente o peso
a gente só vai
às vezes só ir basta
noutras não
contudo, a gente vai
e eu, mesmo estagnada, preciso ir
vou fingir
até se tornar verdade
e se não se tornar
me limitarei a caminhar
Chama e fumo
Amor - chama, e, depois, fumaça...
Medita no que vais fazer:
O fumo vem, a chama passa...
Gozo cruel, ventura escassa,
Dono do meu e do teu ser,
Amor - chama, e, depois, fumaça...
Tanto ele queima! e, por desgraça,
Queimado o que melhor houver,
O fumo vem, a chama passa...
Paixão puríssima ou devassa,
Triste ou feliz, pena ou prazer,
Amor - chama, e, depois, fumaça...
A cada par que a aurora enlaça,
Como é pungente o entardecer!
O fumo vem, a chama passa...
Antes, todo ele é gosto e graça.
Amor, fogueira linda a arder!
Amor - chama, e, depois, fumaça...
Portanto, mal se satisfaça
(Como te poderei dizer?...)
O fumo vem, a chama passa...
A chama queima. O fumo embaça.
Tão triste que é! Mas...tem de ser...
Amor?...- chama, e, depois, fumaça:
O fumo vem, a chama passa.
- Manoel Bandeira
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