Houve um tempo em que eu tive esperança. Houve um tempo em que eu rezei - mesmo sendo desde sempre profundamente agnóstica - para o vazio para que minha vida melhorasse. Que a solidão diminuísse. Que aquele que invadiu minha família fosse embora. Que o tempo passasse, e eu crescesse, e construísse uma vida bonita.
Houve um tempo em que eu desejei estar morta, mas tive medo. Medo da dor, medo do que poderia vir depois, medo de me arrepender. E sobretudo, medo de ferir aqueles que me amavam. Rezei para o vazio para que eu adoecesse, ou sofresse um acidente, para poder morrer sem ter de fazê-lo com minhas mãos.
Houve um tempo em que eu amei com toda a minha alma desesperada, torta e sombria. Houve um tempo em que o amor foi minha grande esperança, e houve um tempo em que ele foi minha devastação e minha ruína.
Houve um tempo em que eu acreditei que eu poderia ser uma adulta relativamente feliz. Houve um tempo em que eu confiei nas minhas potencialidades para me levarem para um lugar melhor.
Houve um tempo em que eu tive uma certa ânsia de realizar coisas, projetos, viagens, produção acadêmica, o diabo.
Houve um tempo que eu quis cantar, ter uma banda, me apresentar. E não tive energia pra investir porque não conseguia achar que as pessoas poderiam gostar.
Houve um tempo no qual eu desenvolvi uma técnica para abafar totalmente meus soluços ao chorar, para que ninguém em casa ouvisse. E houve um tempo no qual isso não era necessário porque eu me forçava a um estoicismo extenuante, porém eficaz.
Houve um tempo em que eu sofri muito porque meus colegas de escola não gostavam de mim mesmo eu me esforçando. Sofria muito por pensar que eu era indigna da afeição. E houve um tempo no qual eu constatei que isso não mudou e que eu não tenho mais ela pra falar sobre o quanto dói.
Houve um tempo em que eu fui dominada pela dor, pelo luto, pela saudade. Pela saudade dela, e pela saudade de mim.
Há um tempo em que eu procuro por uma razão.
domingo, 4 de novembro de 2012
sábado, 20 de outubro de 2012
Sobre tentar e esperar
Um dia acordei
Era um dia como os outros
Um dia acordei
[mesmo sem querer, como raramente quis
E o vazio estava lá
E a melancolia e a solidão
E os livros como refúgio
E o ativismo como refúgio
E o amor como o maior e pior dos refúgios
E eu tentei, tentei, tentei
Tentei a vida inteira
Continuo tentando
Digo a mim mesma que tenho um objetivo
Seja lá qual for
Forjo planos mas meu íntimo sabe
Que meu único caminho sempre foi
[continuar o esforço hercúleo da própria caminhada
Eu espero por algo que não sei o que é nem se virá
E no entanto continuo esperando
E se tudo mais falhar,
[sempre esperei a morte.
Era um dia como os outros
Um dia acordei
[mesmo sem querer, como raramente quis
E o vazio estava lá
E a melancolia e a solidão
E os livros como refúgio
E o ativismo como refúgio
E o amor como o maior e pior dos refúgios
E eu tentei, tentei, tentei
Tentei a vida inteira
Continuo tentando
Digo a mim mesma que tenho um objetivo
Seja lá qual for
Forjo planos mas meu íntimo sabe
Que meu único caminho sempre foi
[continuar o esforço hercúleo da própria caminhada
Eu espero por algo que não sei o que é nem se virá
E no entanto continuo esperando
E se tudo mais falhar,
[sempre esperei a morte.
sábado, 29 de setembro de 2012
Eu não tenho mais fé no meu futuro. Já não possuo a esperança de que minha inteligência, resiliência, perseverança, esforço, boas intenções um dia me salvem. Já não espero salvação. Muitíssimo mesmo na forma de emprego ou carreira acadêmica. Nem em conhecimento, seja lá como você, leitor inexistente, interpreta isso.
Eu não me orgulho de nenhuma conquista minha, até porque eu mal conquistei algo. Contudo, se teve algo que me custou muito, muito mesmo, de verdade, foi permanecer viva. Isso sim me custou muito. Isso sim deixou marcas em mim inteira.
Não há glamour algum na tristeza, sabe. Não é agradável constatar que aos dezoito anos você já perdeu as esperanças. Por mais que eu preferisse estar morta desde pelo menos os onze anos, pensava que se eu sobrevivesse até os dezoito, eu poderia talvez sair de casa e construir uma vida bonita com minha inteligência e esforços. Eu estou com dezoito, moro sozinha, passei numa federal no meu primeiro vestibular, faço um preparatório pra concurso.
Continuo infeliz. Continuo me sentindo miseravelmente sozinha. Voltei a ser insone. Engordei. Durmo o máximo possível.
Se tem uma coisa realmente boa, linda e doce nesse momento da minha vida, é ele. Ele, que me abraça quando choro de madrugada (é sempre pior de madrugada) e me faz chá. Ele, que se esforça como ninguém mais se esforça para me animar, me alegrar, cuidar de mim.
Eu não acredito em deus. Nem em mim. Nem na humanidade.
Se tem algo no qual eu acredito, é nele.
Amar é um vôo livre sobre o abismo.
Eu não me orgulho de nenhuma conquista minha, até porque eu mal conquistei algo. Contudo, se teve algo que me custou muito, muito mesmo, de verdade, foi permanecer viva. Isso sim me custou muito. Isso sim deixou marcas em mim inteira.
Não há glamour algum na tristeza, sabe. Não é agradável constatar que aos dezoito anos você já perdeu as esperanças. Por mais que eu preferisse estar morta desde pelo menos os onze anos, pensava que se eu sobrevivesse até os dezoito, eu poderia talvez sair de casa e construir uma vida bonita com minha inteligência e esforços. Eu estou com dezoito, moro sozinha, passei numa federal no meu primeiro vestibular, faço um preparatório pra concurso.
Continuo infeliz. Continuo me sentindo miseravelmente sozinha. Voltei a ser insone. Engordei. Durmo o máximo possível.
Se tem uma coisa realmente boa, linda e doce nesse momento da minha vida, é ele. Ele, que me abraça quando choro de madrugada (é sempre pior de madrugada) e me faz chá. Ele, que se esforça como ninguém mais se esforça para me animar, me alegrar, cuidar de mim.
Eu não acredito em deus. Nem em mim. Nem na humanidade.
Se tem algo no qual eu acredito, é nele.
Amar é um vôo livre sobre o abismo.
terça-feira, 18 de setembro de 2012
The xx - Angels
Light reflects from your shadow
It is more than I thought could exist
You move through the room
Like breathing was easy
If someone believed me
They would be as in love with you as I am
They would be as in love with you as I am
They would be as in love with you as I am
They would be in love, love, love...
And everyday
I'm learning about you
The things that no one else sees
And the end comes to soon
Like dreaming of angels
And leaving without them
And leaving without them
Being as in love with you as I am
Being as in love with you as I am
Being as in love with you as I am
Being as in love, love, love...
Love, love, love...
Love, love, love...
And with words unspoken
A silent devotion
I know you know what I mean
And the end is unknown
But I think I'm ready
As long as you're with me
Being as in love with you as I am
Being as in love with you as I am
Being as in love with you as I am
Being as in love, love, love.
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Você era Deméter e eu era sua Cora
Eu, ausente mais do que presente
Mas supostamente quando eu vinha, você iluminava
(Embora eu ressentidamente achasse que você tolerava bem minha falta)
Cartas e faltas
< insira aqui muita dor e caos e ódio e mágoa e suspiro, tentativa, suspiro, tentativa, desistência, ausência.
eterna >
Ou talvez os papéis tenham se invertido
Você passa o tempo todo debaixo da terra
E eu alterno entre inverno e primavera
Perséfone e Cora
mas as trevas incrustaram
há mais tempo que isso tudo.
Eu, ausente mais do que presente
Mas supostamente quando eu vinha, você iluminava
(Embora eu ressentidamente achasse que você tolerava bem minha falta)
Cartas e faltas
eterna >
Ou talvez os papéis tenham se invertido
Você passa o tempo todo debaixo da terra
E eu alterno entre inverno e primavera
Perséfone e Cora
mas as trevas incrustaram
há mais tempo que isso tudo.
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