quarta-feira, 18 de abril de 2012

Por infâncias sem violência

A Lei da Palmada (Lei 7.672/2010) proíbe o uso de castigos corporais em crianças. A lei, extremamente polêmica, baseia-se na ideia de que é possível educar sem castigos corporais, que seriam potencialmente prejudiciais e até mesmo traumáticos para a criança.


Há equívocos acerca do que representa essa lei: ela não criminaliza nem multa os pais ou guardiões adeptos da “palmadinha para educar”. O que ela determina é que , caso sejam denunciados por aplicarem castigos corporais em crianças, eles sejam advertidos e recebam orientação e tratamento psicológico ou psiquiátrico, bem como a criança receba tratamento especializado.


Porém, mesmo entre aqueles que sabem disso, a lei é polêmica. Por muito tempo, educar crianças com castigos corporais foi comum, e ainda é. É interessante observar que herdamos esse costume dos jesuítas portugueses na colonização brasileira, e não dos indígenas. Segundo o professor da UERJ José Ribamar Bessa Freire, índios não batiam em seus filhos, e eram amplamente condenados por isso pelos jesuítas. No entanto, a pedagogia hoje tem quase como consenso que castigos físico não são recomendáveis.


Além do argumento de que crianças educadas sem palmada (e por alguma razão, muitos acreditam que uma “palmadinha” é completamente diferente de violência contra a criança) crescerão sem limites, sem disciplina e sem caráter, há o argumento de que a Lei da Palmada representaria uma intromissão excessiva e autoritária do Estado dentro dos lares brasileiros.


Ora, “Uma democracia não é uma ditadura da maioria. (...) Em uma democracia, há direitos que são tão fundamentais que devem ser respeitados mesmo que haja oposição por parte da maioria. Estes direitos estão previstos na Constituição brasileira e não podem ser suprimidos nem mesmo por emenda constitucional.”, explicou o doutor em Direito do Estado Túlio Vianna.


A dignidade da pessoa humana é direito tão essencial que é um dos fundamentos da Constituição brasileira de 1988. E não é possível haver dignidade numa vida com violência. Se alguém fosse agredido pelo seu chefe no trabalho, e este dissesse que foi apenas uma “palmadinha corretiva”, soaria absurdo. Mas para muitos, é aceitável que crianças passem por isso através daqueles que deveriam zelar por elas. Crianças não são propriedade de seus pais, como já disse Khalil Gibran: “Vêm através de vós, mas não são de vós.” Infância e violência não podem coexistir.


(Referências:

http://terramagazine.terra.com.br/blogdaamazonia/blog/2012/01/15/faz-mal-uma-palmadinha/

http://www.revistaforum.com.br/conteudo/detalhe_materia.php?codMateria=8887 )

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Arte de amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

- Manuel Bandeira

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Burn it down till your heart is an empty room

Às vezes tenho a impressão de que alguns amores não necessariamente morrem.

Alguns amores, creio eu, você é obrigado a abandonar ou desistir. Por ser um amor platônico, unilateral, inatingível, ou por ter se esgotado em si mesmo ou esgotado você.

Alguns amores vsão como um quarto que você tranca a chave e deixa lá. Se tornarão um quarto trancado no seu coração. Mas é mais fácil fingir que um quarto trancado está vazio. Mesmo que dificilmente esteja.

E lá fica o quarto trancado. A besta do amor aprisionada. Ocasionalmente, você pode destrancá-lo, cuidadosamente, e dar uma olhada. Sentar-se no chão do quarto e contemplar as lembranças. Às vezes, o quarto está claro, acolhedor e nostálgico. Noutras, chuvoso, frio, hostil e doloroso.

Mas um dia o quarto haverá de se tornar vazio. E então, eu o abrirei novamente.

domingo, 18 de março de 2012

The Magnetic Fields - I Don't Want to Get Over You


I don't want to get over you
I guess I could take a sleeping pill and sleep at will
and not have to go through what I go through
I guess I should take Prozac, right,
and just smile all night at somebody new,
Somebody not too bright but sweet and kind
who would try to get you off my mind.
I could leave this agony behind
which is just what I'd do if I wanted to,
but I don't want to get over you
cause I don't want to get over love.
I could listen to my therapist, pretend you don't exist
and not have to dream of what I dream of;
I could listen to all my friends and go out again
and pretend it's enough,
or I could make a career of being blue
I could dress in black and read Camus,
smoke clove cigarettes and drink vermouth
like I was 17 that would be a scream
but I don't want to get over you.

"Eu queria te dizer que passa. Mas não passa"

Luciana nunca mentiu pra mim.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Violeta Parra - Run run se fue pa'l norte

Sin pena ni alegría,
sin gloria ni piedad,
sin rabia ni amargura,
sin hiel ni libertad,

vacía como el hueco
del mundo terrenal,
Run Run mandó su carta
por mandarla no más.
Run Run se fue pa'l norte,
yo me quedé en el sur;
al medio hay un abismo
sin música ni luz.
¡Ay, ay, ay, de mí!

sábado, 10 de março de 2012

La Roux - Armour Love
La Roux - Cover my eyes
Daft Punk - Something about us
Phoenix - Consolation Prizes
Eisley - Ambulance
Dave Matthews Band - #41
The Kooks - Gap
The Pains of Being Pure At Heart - Heart in your heartbreak
Volantes - Dez minutos

Cada a vez que eu ouço essas músicas, ou, pior, que o random do meu ipod vai para elas, eu suspiro e sinto um aperto no peito. Às vezes, leve o suficiente para cantá-las. Mas simplesmente não consigo ouvir Gap (nem Armour Love, nem Something About Us. Já chorei pesadamente com elas.)

Eu lembro que coloquei um trecho de Gap no livro que dei para ele de aniversário. Numa página aleatória, para ele ler um dia. Já falei isso pra ele.



Ainda dói.

Sigo em frente e muito bem, obrigada. Estudando, trabalhando, sorrindo, conhecendo pessoas, etc. Durmo muito bem, pois fico exausta. Tenho distrações e também tenho coisas e pessoas que realmente gosto por perto.

Mas é complicado, não é? Todo um universo associado a alguém. 5 anos, ou 2. E sou tão jovem.

A vida tem sido boa para mim. E eu sigo. Mas faz falta. Faz falta.