segunda-feira, 1 de junho de 2020

sarça ardente II

há luz no deserto
em que vagam peregrinos
há luz nos olhos
queimados de sol
iluminados de destino

bordando a delicada
tessitura da vida
tateio por algo
era a ti que eu buscava
entre becos e barricadas

há luz nesta casa
ensolarada
em que o invisível é nomeado
é preciso enxergar
para curar

há luz dentro e fora
transborda pelos teus olhos
há deserto, meu beduíno da memória
entre Diadorim e neblina
há amor e travessia

entre noites intermináveis
em que o mero existir
era pura agonia
sintonizamo-nos na dor
a sarjeta nos aproximou

após a dor, o amor
após a dor, a travessia
há amor e travessia
morrer não cabe mais.

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