domingo, 30 de abril de 2017

saberes

05.04.2017

no sertão o tao é outro
a cosmologia é outra
na madrugada do cerrado
o outro é outro

talvez perante as estrelas
a travessia para o real
se mostre um pouco menos turva
a concretude da sabedoria
de quem se distancia
para se aproximar
de si

talvez entre sagarana e terceira margem do rio
eu encontre algo que perdi
eu me conecte aos pedaços de minha mãe
que vivem em mim
e ao honrar meu próprio caminho
eu honre o dela
celebrando que a vida
é, tão-somente
o que pode ser
a vida é, tão-somente
como ela se apresentou, assim
até findar

e não é pouco
é muito
em demasia até

a abundância de tristezas
é a abundância de belezas também
o lado escuro da lua é o desconhecido
que se desvela segundo sua própria verdade

há espaço para doer
e há espaço para apaziguar
perto como um abraço
num corpo amado
adormecido em sonhos
que falem de presenças
e das permanências
e não de ausências.

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