domingo, 24 de janeiro de 2016

dormir só

durante as madrugadas
eu penso em quem eu amo
e do lado de quem não durmo mais

e eu me pergunto
se as pessoas que me amaram
também pensam
vez ou outra
no calor do meu corpo pequeno
do lado cama virado pra parede

eu preciso aprender a dormir sozinha
sem tatear pela cama
a falta de um corpo
que me desse segurança
eu preciso parar de procurar um lar
em outro corpo
e me contentar com um teto
com meus gatos
me contentar com o calor do meu próprio corpo
quarenta e poucos quilos de saudades

às vezes eu acho que se eu pudesse curar
a falta da minha mãe
subitamente, peças se encaixariam
minha psique se reorganizaria
e viver
doeria menos
mas cada falta e cada ausência
e cada perda e cada abraço
interrompido
são como sal esfregado nas feridas
são metáforas da saudade
e da dor que nunca passa.

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