quarta-feira, 9 de setembro de 2015

otherkin

me mostre sons melódicos
e eu aceito os de desespero
mas por favor
não me faça sentir desespero mais

me mostre sons de tristeza visceral
mas por favor
não me faça senti-la mais

me mostre quem você é
aceitando quem sou
mas por favor
não exija que eu seja
quem não sou

conversemos sobre filosofia
mas favor entenda
que se eu parar de ver sentido na minha existência
de novo
será deveras perigoso
e não uma filosófica angst do ser

eu levei a vida inteira pra me sentir a vontade
na minha própria pele
por favor, venha somar
venha celebrar
se é pra estar aqui só por estar
por favor, me deixe estar só
porque quando amo
amo de verdade
se é pra deixar passar
como uma onda que vem e vai
se é para somente eu ser tragada pelo mar
se é pra eu mergulhar profundamente sozinha
se você não for me acompanhar
então por favor meça com cuidado
cada ato direcionado
porque mereço ser feliz
bem como tanto quis
fazer a quem amei também
e não consegui

e cada vez que sinto suas mãos delicadamente no meu rosto
nos meus cabelos
como tanto quis
me perco um pouco mais na embriaguez
da esperança de um amor fresco e novo
sem morte e sem tragédia
um amor simples como a chuva depois da seca
um amor doce como um gesto singelo
um amor suave
um amor que me permitisse florescer
serenamente presente
vivendo a presença em cada momento
sem idealizar futuros
sem prometer e sem cobrar
apenas sendo
apenas vivendo
apenas cuidando
e sendo cuidada
como merecemos ser, todos nós
e eu e você.

Um comentário:

  1. Não sei exatamente o que escrever mas me pareceu certo dizer que seu poema é lindo e profundo o bastante para tocar meu coração

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