sábado, 2 de abril de 2011

Feminismo

Olá, leitores inexistentes.

Esse ano, comecei a me interessar sobre o feminismo, através de blogs e posts excelentes.

E me entristece pensar que uma causa tão justa é distorcida da forma que é.

No imaginário popular, parece que as as feministas são feias, desarrumadas, lésbicas, mal-humoradas, agressivas, etc.

Parece que o feminismo é uma causa defendida por um padrão "x" de mulher, quando deveria ser uma causa de todas.

"Feminismo é a idéia radical de que as mulheres são gente"
(eu me arriscaria a colocar um "também" depois de mulheres - Feminismo é a idéia radical de que as mulheres também são gente)

Você é capaz de entender essa frase?

Para entendê-la, você precisa enxergar a desigualdade, o machismo. Você precisa sair da zona de conforto de pensar que as mulheres já conquistaram muitas coisas - porque conquistamos, mas há um LONGO caminho pela frente.

Você precisa entender que a violência doméstica não é um mal causado por uns "POUCOS" homens desequilibrados, e sim por todo um sistema que permite - ou, ao menos, justifica - isso. Mulheres como propriedade, mulheres como inferiores. Mulheres com a obrigação de serem e fazerem tal coisa, do contrário...

Você precisa entender que a sexualidade feminina é reprimida, distorcida, estereotipada - e temida. A expressão "puta/ piranha/ vadia" é exclusividade feminina. Um homem não será, na esmagadora maioria das vezes, desprezado pelo número de parceiras que tem, ou por gostar de sexo e falar sobre isso abertamente. Você precisa entender que a mutilação genital feminina - mutilar o clitóris, e às vezes costurar a vagina - é mais do que uma violência terrível e "primitiva", e sim uma forma absurda de se ceifar a sexualidade feminina, de garantir a "pureza" da menina, ainda que muitas vezes ela morra pois o processo é feito com instrumentos rudimentares, sem anestesia, sem esterilização, etc.

Você precisa entender que uma mulher ser bonita não é apenas legal - é uma obrigação. Precisamos ser bonitas. Perfumadas. Depiladas. Delicadas. Doces. "Moças de família". Precisamos "nos dar o valor". Precisamos lutar pelos nossos direitos e defender nossos pontos de vista ser sermos enfáticas demais, barulhentas. Precisamos rir ou nos limitar a um "afff" quando ouvimos que lugar de mulher é na cozinha. Precisamos casar, mas também precisamos trabalhar fora e termos filhos, e conciliar isso tudo. E levar adiante a gravidez mesmo que o momento seja péssimo para isso, porque "na hora de fazer tava bom". Porque "existem métodos anticoncepcionais, não usou porque não quis" (ou usou e eles falharam, quem sabe).

Precisamos ser femininas, não feministas. Ao menos é isso que a sociedade quer.

Mas eu me recuso.

Eu quero ser livre. Eu quero poder escolher como vou reger a minha vida, em todos os aspectos, sem me tornar um pária por isso. Eu quero igualdade. Eu quero que as mulheres negras não sejam massacradas socialmente. Eu quero um mundo melhor, mais justo, com respeito, não só para mim, mas para outras mulheres, para homens (ou você acha que o machismo oprime só as mulheres?), para negras, para gays, bissexuais, transexuais, para pobres.

Eu sou feminista.

2 comentários:

  1. Você me convenceu a parar de usar esses palavrões. Já me incomodam faz tempo, mas vendo aqueles que são seus alvos usarem estes mesmos palavrões acabo por esquecer o peso. A maioria dos palavrões comuns são direcionados para as mulheres e glbt. E ficamos dando vida a esses termos discriminadores que deveriam cair por terra. Já não digo "viado" fazem muitos anos, quando superei a homofobia ensinada, mas "filho da puta" ainda me pego dizendo. Já me questionaram por nunca dizer "viado" e pude discorrer sobre minha posição política contra a discriminação e opressão conservadora. Agora espero que me questionem novamente, mas sobre "puta". Não existem níveis para o machismo e a homofobia, não podem ser "leves" nem "humorados". Toda forma é devastadora.

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  2. Força!! É o ínicio de um caminho árduo e injusto, possivelmente violento, mas estamos juntas. Você é minha irmã nessa causa, e somos novas e cheias de energia.

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