07.02.2022
para Clar(A), Rita Muniz e Brenda
nesta caixa de Pandora que é a vida
aferrei-me à esperança
última que morre e base
de tudo que se vive
Pandora, aprendi com minha mãe:
todos os dons
Teodoro: dons de Deus
seria inodoro o sem dons?
perdas olfativas da covid
tudo rebrotou
despeço-me deste território
sagrado
entrego meus dons
a serviço
de todes
da humanidade
ventos
céu
terra
mar
meus dons a serviço
a brisa do linalol
presente na lavanda
manjericão
cannabis
me abraça
me afaga
me acolhe
tal como os corações
com os quais partilhei
meu butim
meus óleos
meu toque
minha presença
nunca é tarde
para renascer
meu coração sempre quis morada definitiva
fosse alguém
ou uma casa
lar físico para enraizar
tenho descoberto
os prazeres e a beleza
da itinerância
do trânsito
alado, mercurial
sou caminhante
estelar
semeio a magia da vida
planto o que creio
por vezes nem estarei lá
para ver brotar
planto o que creio
na fé de que alguém
colherá
(como os milhos de Seu Jamil)
rio deságua no mar
maré é pêndulo lunar
fluxo refluxo
Pataxó, o som das ondas
ao quebrar
quero ouvi-las quebrar
não quero ser eu a quebrar
quero agora sanar
planto o que creio
colho o que não plantei
e o que plantei também
semeio versos
plantarei amor a vida inteira
de uma forma ou de outra
alguém colherá
e que seja fértil e farta
a colheita
e o semear.
Semeando a solidariedade colhemos um mundo novo.
ResponderExcluirGratidão, querida alma velha!
Estamos juntas no coração.
Força e beleza pro caminho. Saudade.