sagrada rebeldia
sigo insubmissa
arquiteta do meu próprio destino
não mais de minha própria ruína
com quantas Marias se faz uma Kali
com quantas Kalis se faz uma Maria
alquimista do deserto
ó profetisa
no seu banho de cozimento lento
o banho Maria
aqueço meus ossos cansados
dando origem a novo ser
ó forças das deidades telúricas
ctônicas
ancorai meu propósito nesta terra
amar ao próximo
e guerrear contra o injusto
contra o que impede
a todes a vida próspera
cabeças dos inimigos sob os pés
da subterrânea
morte terrenal, aurora espiritual
onde estarão também
as sementes
amanhecer vindouro
já estamos vencendo
"qu'un sang impur
abreuve nos sillons"
da revolução francesa
o que mais me agrada
é esta parte
lavrar o campo da retomada
com o sangue simbólico da vitória
de nossos ancestrais
fertilizar e cultivar até no futuro
fome ser mito de branco
"sabia, meu neto, que houve épocas
em que se acreditava que a comida
fruto do solo sagrado
não dava para todos"
e ele responderá "nada a ver
esse Malthus, hein, abuela"
e direi "sim
mas sempre, sempre
houve quem fizesse e acreditasse
diferente
firmei com estes
e vencemos".
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