ele foi o raio que partiu minha árvore
inebriada de amor romântico messiânico
quis ver nisso bênção de Iansã
porém não foi raio de justiça
foi raio que arrebentou
seiva, floema, xilema
meus vasos internos
o raiu partiu minha árvore
sou de Oxóssi
ele também
a seta deveria ter sido
lançada com mais cuidado
dei-lhe um ofã preateado
ao final de tudo
até isso foi razão para humilhação
seis
com três seria nove
nosso mês de nascença
cria do cerrado,
por que quase mataste minhas raízes?
em março completo um ano
de fim
este sem eterno retorno
é corte da cabeça de hidra de lerna:
cauterizei
na força da brasa
de um telefonema na segunda clínica
uma ligação para desligar
o que havia perdurado por demais
a personalidade limítrofe
reverberou com tanta falta minha
quis curar, permanecer
quis mergulhar na compulsão a repetição
se o salvasse
seria como salvar a minha mãe
e a mim mesma
eu salvei a mim mesma
todos os dias dos últimos 27 anos
até nos que tentei desistir
eu permaneci
eis-me aqui
meu arco e seta apontam não para ele
só desejo o melhor
apontam para inimigo algum
minha seta aponta somente para frente
nas bênçãos das matas e cachoeiras
minha suprema vitória é minha vida e saúde
e a última estação, esperança
trem este que pego todo dia.
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