eu era a Pepa da minha mãe
porque segundo ela, significava "semente"
em espanhol
conheci por semilla
mas sempre serei a pepita dela
do ouro debaixo da terra
minhas entranhas raízes
sangraram sem estancar
por anos
não são pele íntegra hoje
são fragmentos
tantos
alados
quebrados
nesse anos todos
tanta mitologia grega
Deméter e Perséfone
Dédalo e Ícaro
voo com o Sol, mãe
mas não a ponto de queimar minhas asas
ou a ponto de cair
ou se cair, não a ponto de afogar
uso das artimanhas de Ulises
Odisseu
protegido de Hermes e Atenas
que alguma vida também me deu
crio caminhos e desfaço a teia
toda noite se necessário
teço errante a Chakana
buscando ancestrais para amenizar
a saudade
que antecede a ti
antecede até a mim
é saudade de viver pra cantar para as águas
até o dia de voar sem medo de afogar
os tsunamis de meus pesadelos
crescendo na ilha da magia
o pânico insular pouco descreve o que senti
ao perdê-la
se até a isso sobrevivi
agradezco madrecita
por me trazer até aqui
algum sentido um dia fará
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