para Beatriz, que me inspira e a quem me conecto
para ela que carrega o mesmo nome da minha mãe
mas diferentemente dela, tem conseguido com maestria permanecer viva
são hesitation wounds
profundamente gravados na minha pele
e na minha carne
ainda que invisíveis
e pessoas que não se sentem assim
simplesmente não entendem
curioso eu já ter ouvido que parecia alegre
que não parecia depressiva
não é mentira
mas também não é muito verdade
eu tenho olhos cansados
e um coração cheio de amor
eu tenho esperanças gastas
e outras tantas renovadas
eu carrego minha cicatrizes
eu sei muito bem o quanto sou pesada
eu não devo minha vida a ninguém
ela pertence a mim
apossando-me dela, hoje quero viver
é pesado, sim, existir
eu o sei bem demais
eu passei tempo demais tolerando mal a vida
na ânsia de poder sumir um dia
e eu sumirei um dia
não hoje, porém
hoje recolho a bagunça pelo quarto
e as mágoas peso tristeza melancolia angústia desespero saudade
traumas
saudade de uma casa que nunca foi minha
hoje escolho recolher todos esses cacos
e criar algo pra fora
que expresse a ambivalência de dentro
sem contudo eu ser uma poetisa suicida
estou tentando ser uma poetisa viva.
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