sábado, 18 de maio de 2013

filosofrer

há quem diga
que o belo da vida
está em ser vivida
para outros, reside na liberdade
da existência preceder a essência
de um tomar para si a responsabilidade
de buscar ser feliz
ou buscar a verdade
se destruir
ou desistir no processo

para mim, a beleza da vida está na solidariedade
[da sarjeta
o belo estaria naquele que, a despeito da miséria,
a despeito da sarjeta
conseguisse estender as mãos calejadas e feridas
pelo duro ofício de seu destino- fado-fardo
insistir em ser vivido
estendê-las para o próximo
estivesse ele melhor, semelhante ou pior
geralmente circunstâncias transitórias
acompanhadas pela dor de cada história

ousei buscar a coerência
a veleidade de ser eu própria este imperativo categórico

falhei
disse um bigodudo hiperbóreo
aqueles que lutam contra monstros
devem tomar cuidado para não tornar-se um
já não sei se o monstro é o mundo ou sou eu
confundimo-nos
tornar-me-ei parte do mundo
parte da miséria
parte da terra
que anseio cobrir esse corpo

a beleza da vida é subjetiva
a da minha, é sua finitude

(escrito 10/04/2013)

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