sou cheia de pedaços
estenda a mão
e colha
e colha meus pedaços
suicídio não é poesia
hoje acordei sentindo falta da minha mãe
quase 5 anos sem ela
quase 5 anos que ela se foi
quase meia década
ela foi e eu tentei
ir
mas fiquei
acabei ficando
sorte a minha
conseguir permanecer
conseguir ficar
apesar desses pedaços todos
de todos esses malditos
estilhaços
de falta
o amor quiçá seja
um lenitivo mais potente
do que o próprio tempo
e dele estou sempre cheia
na corda bamba
me equilibro no fio da navalha
e não caio
mais importante: não me jogo
a redenção é em frente
até lá
colham meus pedaços
quando eles ameaçarem
estilhaçar meu caminho
colham as partes e me lembrem
que sou inteira para além deles
e que na pulsante resiliência
no mar escuro azul
melanólico ou bálsamo
ferida ou sanada
seguirei.
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