para Caio Victor Siqueira e Aryanne Audrey,
por vivermos buscas análogas
e para Augusto Miranda, amizade virtual com apoio real,
por partilharmos reflexões orwellianas
"Podiam desnudar, nos mínimos detalhes,
tudo quanto houvesse feito, dito ou pensado;
mas o imo do coração,
cujo funcionamento é um mistério para o próprio indivíduo,
continuava inexpugnável."
- 1984
aprendi que transcender a margem
os limites impostos pelo outro lado do laço
no tocante a intimidade
é algo dado, oferecido, conquistado
conquistado não como se invade e saqueia
[uma terra a ser colonizada
(meu amor é anarquia, não hierarquia
ou domínio)
o território sagrado que é a alma, a vida
o espaço psíquico e físico do outro
é conquista descolonizada
erigida consistentemente
progressivamente
sinuosamente
na base do cuidado
quem quiser adentrar, pise sempre com cautela
há mais quebras graves no território do outro
do que um mero pisar e quebrar em galhos secos
há quebras mais severas ocasionadas por descuido
como evitá-las?
atenção plena
reflexão incessante
uma dose de sorte
de quebra de paradigmas
e ressignificar os sentidos e sentires
entrar no território do outro
e da outra
é privilégio
é espaço sagrado
sacralidade independente de teísmo
o amor é sempre metafísico
não?
creio que sim
e a magia cotidiana do sentir
aos meus olhos é contra hegemonia
solidariedade anticapitalista
a medicina da empatia
e nessa pedagogia diária
sinto-me grata por estar viva
para depois de quase arrebentar de tanta dor
ser presenteada pela vida
experienciando cores tão bonitas
quanto as tuas.
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