Eu queria escrever um conto sobre saudades.
Sobre transcendê-las.
Eu gosto dos meus contos curtos.
Eu gosto das minhas metáforas e,
como escrevi uma vez,
escrever é a minha metáfora para sobreviver.
Eu queria escrever um conto sobre saudades
sobre como, apesar de tudo
a gente vive com elas
a gente sobrevive a elas
de todas as espécies
Eu queria escrever um conto bonito e eufônico sobre a falta
as faltas
metades soltas das saudades
Como já escrevi, também
quando escrevo sou rainha de um império imaterial
E ao escrever esse conto
eu sentiria que reescrevo levemente minha história
nesse conto haveria alguma lição moralizante sobre escolher lidar
escolher seguir
e ressignificar
as faltas
E eu não consegui escrever esse conto
essa noite
são quase 3 da manhã
e meus olhos estão cansados
e meu coraçãozinho está fatigado
de um jeito que esgota as ideias das metáforas
adequadas
para transmitir esse tipo
de esperança
fica um poema com pouco brilho
um poema que é o que deu pra ser
como todos somos, no final das contas
os sobreviventes do que conseguimos ser
no final das noites.
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