05.08.2021
relações agroecológicas
não alelopáticas
respeitar o ciclo das folhas
das flores
do crescimento
das sementes
e da poda
dos excedentes
foram 6 anos de alelopatia
que eu chamei amor
os alcalóides que usava
não eram o que me intoxicava
foi o maltrato
o mau manejo
adoeceu meu solo
tanto veneno
disfarçado de afeto
compactou meu solo
exauriu, empobreceu
só que não posso
meramente abandonar este território
que é minha pele e corpo
vivo aqui dentro
me resta reflorestar
para tudo tem jeito
nessa vida
menos para morte
hoje não quero morrer
não quero amor agrotóxico
não há veneno que corrija erro
de uma trepadeira asfixiando
minhas raízes
podo
corto
quero Sol representando fogo
para transmutar medos e dor
"abro mão da primavera
para que continues me olhando"
disse Neruda
abençoo o inverno
aguardando a primavera
para que ele não siga me olhando
meu reflexo no espelho
meu abebe de Oxum
olha nos meus olhos
orgulhosa de quem sou
podo correto para ascender
a Lua é minha mãe
as plantas, minhas irmãs
podo para não perder energia
crescendo galhos que
pesarão em meu tronco
corto
cresço, não pereço
renasço
rumo meu barco
não esqueço Caronte
hoje voo com Hermes
crio caminhos no escuro
bailando com o vento
e pirilampos e pássaros
soberania é estar viva
embarco nesse desafio
escolho Agroecologia
e não monogamia.