(06.02.2020)
para Teresa
escrevo por ânsia de sobrevivência
não à toa, pouco escrevo
quando estou bem
o amor, porém
inspirou-me
por anos
não quero escrever sobre decepção
não quero escrever sobre meu coração
partido
ao fragmentar-se a confiança
em alguém que tão bem conhecia
meu inventário de cicatrizes
coragem vem de cor
coração
não sei a etimologia de covardia
mas conheço o gosto adstringente
como fruta verde
difícil de engolir
coragem vem de cor
coração
amar é um ato de coragem
e necessariamente implica responsabilidade
solos maltratados por agrotóxicos
e mau manejo
podem ser recuperados
contudo, desintoxicá-los
demanda tempo
tempo, este tecido de nossas vidas
que o capitalismo torna recurso
escasso
na agroecologia
não falamos em plantas como pragas
chamamos de indicadoras
pois indicam desequilíbrios
a serem corrigidos
farei da decepção e da dor
minhas indicadoras
de que algo acabou
e não agredirei meu solo
com arados desnecessários
o amor semeado
segue sendo meu
desta medicina estou sempre cheia
e por isso não seco
plantarei amor a vida inteira
e receberei a colheita
quando a natureza deixar
jamais irei maldizê-la
os frutos que virão, nunca se sabe
cuidar das sementes
e solo
é a parte
que me cabe
os milhos crioulos que plantei em novembro
não pude ir colher
alguém colheu por mim
não sei quem foi
agradeço
agradeço ao Seu Jamil
e à vida
que tem me dado tanto.
sábado, 6 de junho de 2020
segunda-feira, 1 de junho de 2020
sarça ardente II
há luz no deserto
em que vagam peregrinos
há luz nos olhos
queimados de sol
iluminados de destino
bordando a delicada
tessitura da vida
tateio por algo
era a ti que eu buscava
entre becos e barricadas
há luz nesta casa
ensolarada
em que o invisível é nomeado
é preciso enxergar
para curar
há luz dentro e fora
transborda pelos teus olhos
há deserto, meu beduíno da memória
entre Diadorim e neblina
há amor e travessia
entre noites intermináveis
em que o mero existir
era pura agonia
sintonizamo-nos na dor
a sarjeta nos aproximou
após a dor, o amor
após a dor, a travessia
há amor e travessia
morrer não cabe mais.
em que vagam peregrinos
há luz nos olhos
queimados de sol
iluminados de destino
bordando a delicada
tessitura da vida
tateio por algo
era a ti que eu buscava
entre becos e barricadas
há luz nesta casa
ensolarada
em que o invisível é nomeado
é preciso enxergar
para curar
há luz dentro e fora
transborda pelos teus olhos
há deserto, meu beduíno da memória
entre Diadorim e neblina
há amor e travessia
entre noites intermináveis
em que o mero existir
era pura agonia
sintonizamo-nos na dor
a sarjeta nos aproximou
após a dor, o amor
após a dor, a travessia
há amor e travessia
morrer não cabe mais.
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