05.04.2017
no sertão o tao é outro
a cosmologia é outra
na madrugada do cerrado
o outro é outro
talvez perante as estrelas
a travessia para o real
se mostre um pouco menos turva
a concretude da sabedoria
de quem se distancia
para se aproximar
de si
talvez entre sagarana e terceira margem do rio
eu encontre algo que perdi
eu me conecte aos pedaços de minha mãe
que vivem em mim
e ao honrar meu próprio caminho
eu honre o dela
celebrando que a vida
é, tão-somente
o que pode ser
a vida é, tão-somente
como ela se apresentou, assim
até findar
e não é pouco
é muito
em demasia até
a abundância de tristezas
é a abundância de belezas também
o lado escuro da lua é o desconhecido
que se desvela segundo sua própria verdade
há espaço para doer
e há espaço para apaziguar
perto como um abraço
num corpo amado
adormecido em sonhos
que falem de presenças
e das permanências
e não de ausências.
domingo, 30 de abril de 2017
domingo, 23 de abril de 2017
sorriso de esfinge
21.04.2017
sorrio porque sei de coisas
que você não sabe
embora saber
me traga dor também.
sorrio porque sei de coisas
que você não sabe
embora saber
me traga dor também.
outono
15.04.2017
todo ano eu feneço em maio
todo ano no outono
eu tenho fenecido
todo ano no outono eu pereço
um pouco
desfolham e desbotam alegrias
melancolia no meu peito
nos pulmões
todo ano eu pereço um pouco
na primavera com sorte ressuscito
refloresço
restabeleço
outro pouco
(mas nunca o mesmo)
em cada maio maldito me arde
a ausente presença da falta
a saudade que sinto
de minha mãe
todo setembro amarelo percebo
e constato
que tenho andado viva por aí
por aqui
Deméter sem Perséfone
a ninfa sem a mãe
torna-se a rainha do mundo dos mortos
não desposei Hades
reino como posso
e encaminho quando consigo
Caronte leva os mortos em sua barca
a moeda debaixo da língua
dos defuntos
servia para pagá-lo
e os pretos velho amparam as almas
em cada beco
ou encruzilhada
(Laroyê)
e apesar de toda falta
encontro caminhos
cedo a um ou outro lenitivo
morro com os ciclos para poder
permanecer
folhas secas pelo chão
devem prenunciar
abrigo n'algum lugar
seco e amarelo
com o Sol da plenitude
que vislumbrei num dia
em que quis seguir
e, de alguma forma
consegui
sobrevivi.
todo ano eu feneço em maio
todo ano no outono
eu tenho fenecido
todo ano no outono eu pereço
um pouco
desfolham e desbotam alegrias
melancolia no meu peito
nos pulmões
todo ano eu pereço um pouco
na primavera com sorte ressuscito
refloresço
restabeleço
outro pouco
(mas nunca o mesmo)
em cada maio maldito me arde
a ausente presença da falta
a saudade que sinto
de minha mãe
todo setembro amarelo percebo
e constato
que tenho andado viva por aí
por aqui
Deméter sem Perséfone
a ninfa sem a mãe
torna-se a rainha do mundo dos mortos
não desposei Hades
reino como posso
e encaminho quando consigo
Caronte leva os mortos em sua barca
a moeda debaixo da língua
dos defuntos
servia para pagá-lo
e os pretos velho amparam as almas
em cada beco
ou encruzilhada
(Laroyê)
e apesar de toda falta
encontro caminhos
cedo a um ou outro lenitivo
morro com os ciclos para poder
permanecer
folhas secas pelo chão
devem prenunciar
abrigo n'algum lugar
seco e amarelo
com o Sol da plenitude
que vislumbrei num dia
em que quis seguir
e, de alguma forma
consegui
sobrevivi.
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